Não há nada como a “Magia do Capacete de Obra”!
Recentemente aceitei um gentil convite pela Blau + Associates, uma equipe de profissionais de ponta em Alimentos e Bebidas, para fazer o papel da “mosquinha na parede” durante o primeiro dia de treinamento de mais de 500 profissionais que acabavam de ser contratados.
Claro que nem pensei duas vezes antes de mergulhar de cabeça no processo de integração desta equipe, onde havia uma certeza: a magia estaria no ar!
Imagine… 500 pessoas, cada uma delas entrando no seu primeiríssimo dia de um trabalho novinho, e um super emprego, diga-se de passagem! Sabemos que nada veio de mãos beijadas… sonhos, desejos, árduas buscas, preparo, desenvolvimento, friozinho na barriga, entrevistas, administração da ansiedade e expectativa… são apenas alguns ingredientes desta receita.
Conforme entravam no auditório, a energia era deliciosa. Enquanto faziam fila para saborear deliciosos doces oferecidos a eles para um doce início, seus olhos sedentos brilhavam, seus sorrisos estavam à busca dos novos colegas, suas mentes estavam repletas de curiosidade a respeito das possibilidades que estavam por vir.
Durante o treinamento, os ouvidos encontravam conforto em valores compartilhados, na compreensão da importância do papel que cada um deverá cumprir para atingir uma visão, em ver-se engajados em um sistema tão vivo, tão cheio de energia… do qual agora passam a fazer parte.
Missão Auditório cumprida, finalmente chegou a hora de entrar no lindo prédio, novo em folha, ainda recebendo os toques finais, Parq: o novo cassino que abriria dali a alguns dias com 2 hotéis, 8 pontos de vendas de Alimentos e Bebidas, que estavam enchendo Vancouver de entusiasmo.
Com o capacete bem ajustado e coletes de segurança, lá foram eles, bebendo cada gota da experiência de entrar na obra poucos dias antes de sua data de inauguração.
Como boa mosquinha, voei de restaurante em restaurante, de parede em parede e não poderia deixar de notar a alegria que treinamentos de capacete trazem ao meu coração. Passei por alguns deles ao abrir hotéis e todos parecem ter ingredientes em comum.
Em primeiro lugar, cada um entra de coração aberto. Todos estão buscando o melhor em cada um dos integrantes da equipe. Todos querem dar o seu melhor em troca. É como o primeiro encontro romântico… cheio de possibilidades, e queremos dar a ele a chance de ser o melhor possível.
O próximo ingrediente é o entusiasmo na máxima quantidade. Com ele, cada segundo que passa fica melhor que o anterior.
Então vem uma porção grande de humildade. Todos reconhecem que tem muito o que aprender, e querem absorver tudo, como esponjas de conhecimento, para que possam entregar seu melhor.
O espírito colaborativo perfuma o ambiente. Quando alguém compartilha algum conhecimento, não é para se mostrar, e sim porque acredita que poderá ser útil para o time e que poderão construir algo a partir disso.
Então, vem o desejo de ir além. Olhando para um oceano de saleiros e pimenteiros, é impossível não lembrar que cada um deles deverá ser limpo, preenchido e chegar às áreas corretas de cada restaurante. Você consegue imaginar quantos oceanos você encontra durante um dia de treinamento na obra?
Cada garfo está chegando, cada cadeira, cada taça, cada ingrediente, cada bebida. Não há o meu trabalho e o seu trabalho, mas sim um senso de responsabilidade do grupo, e o grupo trabalha para chegar a objetivos comuns sem que tenham que pedir-lhes isso. Mais ou menos como as formigas, que constroem estruturas extraordinárias, muito maiores do que elas poderiam ter sonhado em fazer sozinhas.
Não poderia deixar de mencionar o sabor que a coragem para assumir riscos agrega a esta receita. Como é bacana ver um voluntário abrindo uma garrafa de vinho pela primeira vez na vida na frente de tantos outros… e o time torcendo, realmente celebrando a experiência de aprendizado dos seus colegas.
A experiência de inaugurar é um vício para mim. Inaugurações enchem minha alma de satisfação, pois estamos em contato com o melhor que podemos celebrar no comportamento humano.
O mundo precisa mais disso! E nós podemos manter isso vivo! Talvez não com a mesma intensidade da “magia do capacete de obra”… não dá para competir com esta quantidade de entusiasmo, claro. Porém, com certeza… podemos ser parte de uma equipe onde os valores compartilhados ditam as regras, onde o entusiasmo é o combustível para as tarefas diárias, onde não há desafio grande demais para o time, onde sabemos que todas as possibilidades podem se tornar reais, onde o grupo é muito maior do que a soma dos indivíduos que o compõe, onde assumimos riscos, aprendemos a partir dos nossos erros, crescemos, fazemos coisas extraordinárias, permitimos que a mudança chegue onde é preciso! Tenho certeza que podemos trabalhar com times desta maneira… e os líderes tem um papel fundamental em fomentar tudo isso.
O mesmo vale para nossas vidas pessoais. Penso sempre em um conceito que aprendi em um curso de “Coaching de Presença” com Robert Dilts e Richard Moss.
É mais ou menos assim:
“A vida nos brinda com um segundo inteiramente novo a cada segundo que vivemos. Um momento inédito, que nunca aconteceu antes e nunca acontecerá novamente desta mesma exata forma. E o que fazemos com isto? Damos a ele um nome do passado, imediatamente correlacionando com algo já conhecido. E ao fazermos isso, prontamente criamos uma expectativa sobre o futuro.
Se você parar para pensar que, a partir de cada segundo, potencialmente poderiam fluir infinitas possibilidades, ao criar uma expectativa você está imediatamente limitando a quantidade de possibilidades que poderão fluir a partir deste segundo que a vida acaba de te brindar.
Se, contrariamente, conseguirmos encarar cada segundo da vida com uma atitude de curiosidade, enquanto nos permitimos não saber o que acontecerá a seguir, abriremos o espectro das infinitas possibilidades, que então poderão fluir.”
Como seria se pudéssemos trazer a “Magia de um Capacete de Obra” para cada segundo das nossas vidas?